A Amnistia Internacional (AI) instou hoje a FIFA a publicar os resultados de uma investigação independente que revela os abusos sofridos pelos trabalhadores envolvidos no Campeonato do Mundo de futebol de 2022, no Qatar.

De acordo com a AI, uma investigação independente anunciada no congresso da FIFA no ano passado reconhece as responsabilidades da organização numa “gama significativa de abusos sofridos por centenas de milhares de trabalhadores migrantes” durante o Mundial2022, no Qatar.

“A FIFA deveria publicar imediatamente e agir de acordo com a investigação que recebeu há cinco meses, admitindo as suas responsabilidades para com os trabalhadores que sofreram abusos no Campeonato do Mundo de 2022, no Qatar”, afirma o organismo em comunicado.

Uma investigação do jornal britânico The Guardian, em 2021, revelou que mais de 6.500 trabalhadores morreram durante a construção dos estádios, número que não foi reconhecido pela organização do torneio, que admitiu 37 mortes não relacionadas ao trabalho e três classificadas como mortes ocupacionais.

“Antes do congresso anual na próxima semana, a FIFA deve tornar pública a investigação sobre as responsabilidades de compensação por abusos dos direitos humanos relacionados com o Mundial2022 e responder positiva e rapidamente às recomendações que faz.

De acordo com o responsável do departamento de Direitos dos Trabalhadores e Desporto da AI, Steve Cockburn, “a FIFA recebeu os resultados da investigação há três meses, mas ainda não os revelou nem agiu”.

“Este atraso apenas prolonga o sofrimento das famílias que perderam entes queridos e dos trabalhadores que sofreram abusos, na execução da joia da coroa da FIFA. A FIFA não pode apagar esta dor, mas pode levar à execução de um plano que traga justiça e utilize os seus vastos recursos para remediar os danos para os quais contribuiu", disse.

De acordo com a AI, atribuir o torneio ao Qatar, em 2010, sem primeiro garantir que havia proteções suficientes dos direitos humanos fez com que a FIFA “contribuísse para mais de uma década de abusos que não foram remediados”.