No confronto com os rivais diretos, o leão só perdeu uma vez (e nos últimos segundos, lembra-se?)

Costuma-se dizer que são jogos de seis pontos. Uma das equipas ganha três pontos e, em simultâneo, impede a outra de somar o mesmo número de pontos em determinada jornada. E nesse capítulo o Sporting foi quase sempre superior, apenas com duas exceções: um empate e uma derrota.

Com o FC Porto, por ter sido o adversário mais recente, o Sporting logrou uma vitória e um empate , que soube a vitória. O 2-2 no Dragão, conquistado num abrir e fechar de olhos ao cair do pano depois de dois golos em desvantagem, ofereceu um ponto que soube a três.

A análise, os protagonistas e as fotos no especial Sporting Campeão 2023-24

Mas esta partida não terá sido menos importante do que a vitória alcançada em Alvalade, a 18 de dezembro, por 2-0. Nessa altura, leões e dragões estavam empatados com 31 pontos. A vitória afastou-os em três pontos, distância que os azuis e brancos nunca mais conseguiriam recuperar, antes pelo contrário.

Com o Benfica, nos dois dérbis para o campeonato, os leões somam uma vitória e uma derrota. Na Luz, na primeira volta, o jogo caminhava para o fim com o Sporting a vencer por 1-0, mas uma recuperação relâmpago deu a vitória ao eterno rival por 2-1.

Há ainda o SC Braga, um autêntico clássico nos dias de hoje, em que o leão assegurou uma goleada e um empate. Na Pedreira, em setembro, o jogo acabou 1-1. Em Alvalade, na 2.ª volta, os verde e brancos atropelaram os arsenalistas por uns estonteantes 5-0. De má memória fica a final da Taça da Liga - que não entra nestas contas - por 1-0, em Leiria.

Feitas as contas, nos seis jogos com FC Porto, Sporting e Benfica, o Sporting soma 3 vitórias, 2 empates e 1 derrota.

Ser-se grande entre os pequenos dá muito trabalho. Não é FC Porto e Benfica?

Há quem defenda, ao contrário dos que acreditam que são os clássicos os embates decisivos, que é nos jogos com os clubes ditos pequenos que os favoritos ganham os campeonatos. Uma leitura igualmente legítima, se avaliarmos as partidas em que o Sporting não vacilou, por comparação aos deslizes de Benfica e Sporting diante de equipas historicamente mais acessíveis.

Senão vejamos: para além da derrota na Luz, os leões perderam apenas uma partida. Foi em Guimarães, a 9 de dezembro. E verdade seja dita, perder no D. Afonso Henriques não é vergonha para ninguém, tampouco motivo de surpresa grotesca. Ou seja, tirando estes dois deslizes - perfeitamente aceitáveis - o Sporting apenas perdeu pontos noutros três jogos, todos eles empates. Dragão e Pedreira, como já vimos acima, e Rio Ave - possivelmente a única grande surpresa no percurso do Sporting nesta edição da I Liga.

E também terá sido aqui o fosso que o Leão cavou para os tradicionais rivais, sobretudo para os dragões. Ao contrário do Sporting, que como vimos perdeu apenas dois pontos onde não era expectável, o FC Porto chega a esta fase do campeonato com seis derrotas e seis empates (!). O dragão perdeu pontos em casa e fora diante adversários mais ou menos improváveis: Vitória SC, Estoril, Arouca, Rio Ave, Gil Vicente, Boavista são alguns exemplos.

Quanto ao Benfica, os deslizes - entre empates e derrotas - com o Boavista, Moreirense, Vitória SC, Casa Pia, Farense e Famalicão (jogo que entregou o título ao Sporting), custaram caro aos encarnados, que também pecaram nos momentos cruciais, aos quais o leão respondeu com um rugido autoritário.

Em suma, o Sporting soube ser gigante entre os grandes e grande entre os 'pequenos'. Quando assim é está-se mais próximo de se ser campeão. E o Sporting foi, de forma factualmente justa - como se viu.