Sérgio Conceição faz a antevisão da receção ao Vitória SC, da segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal. Na primeira mão, em Guimarães, os dragões venceram por 1-0.

Com o universo portista a viver um dos momentos mais conturbados da última década, acentuado pelos maus resultados, o técnico portista aborda o jogo com os minhotos e a atualidade desportiva do clube, marcada pelo afastamento de quatro elementos do grupo de trabalho.

A conferência ficou também pelas críticas de Conceição aos áudios agora revelados do Estoril-FC Porto, jogo em que o Conselho de Disciplina reconheceu ter havido uma má decisão na anulação de uma grande penalidade a favor dos dragões.

O Vitória SC (Sem Evanilson, já com Pepe)

"É mais um jogo entre duas equipas que se conhecem bem. Todos os jogos são diferentes, não só porque os jogadores têm dias diferentes, como poderá haver mudanças. No Vitória SC, infelizmente, o João Mendes não pode estar presente. O Diogo Costa também se magoou. Há situações que mudam, os jogos são diferentes, entre equipas que, estruturalmente, não mudam muito. Na estratégia, haverá nuances para surpreender o adversário. Temos de perceber o que nos causou alguma dificuldade e o que podemos fazer para causar dificuldade. Há esse estudo normal, entre equipas de qualidade e competitivas."

Importância do jogo numa época difícil

"Não é salvar a época, até porque uma equipa como o FC Porto tem de lutar por títulos. Temos a possibilidade, amanhã, de ter mais uma passagem. Nas cinco últimas edições da Taça, fomos quatro vezes à Taça. É importante reforçar que lutamos por títulos. Amanhã, temos de ser competentes para ultrapassar uma equipa difícil, como é o Vitória SC, bem trabalhada, com jogadores experientes. É o nosso trabalho, não é para salvar nada, é para tentar estar presente na decisão de mais um título."

Afastamento de quatro jogadores (que acabou na arbitragem)

"Não há questão. Eu gostava que me falasse, por exemplo, dos áudios que vieram cá para fora do jogo com o Estoril, do Francisco, mas vão sempre pegar no que pode ser mais apimentado. É um tema que vem na comunicação social, o jogo com o Estoril já passou. Podíamos ter ficado, antes de um dérbi, a quatro pontos do líder, e foi revertido um penálti de forma excessiva, penso que foi a palavra utilizada pelos responsáveis da arbitragem. Mas já passou, não há nada a fazer. O que me espanta é o árbitro, que é o comandante do jogo, estar quase a pedir a bênção do VAR para ser anulado esse penálti. Se olharem para o que foi o áudio, é inacreditável. Já não sei quem manda, se é o árbitro, se é o VAR. Já não sei se é penálti, se não é penálti, quem tem mais poder... Também há uma estatística muito interessante, na relação entre faltas e vermelhos."

Somos a equipa que precisa de menos faltas para ter vermelhos. São 45 faltas para um vermelho. O Sporting de Braga é a última, com 300 e tal faltas para ter um vermelho. O Sporting anda ali perto, o Benfica um bocadinho menos... É importante perceberem e dar ênfase a outras situações que não só a pimenta que procuram. O que tenho a dizer é muito pouco. Cheguei a receber mensagens de jornalistas a dizer que vinha cá para fora que estava a fazer uma sessão bidiária, tridiária... Mas tenho de justificar o meu trabalho? Se acho que há um grupo de jogadores que precisa de mais trabalho físico, outros de finalização. São situações em que não há nada a dizer.

Eu posso decidir que estes jogadores fazem um trabalho específico. É isto. Há, para mim, uma coisa muito importante que tem de se dizer. Para se jogar no FC Porto, não basta ter contrato. É muito importante que as pessoas percebam isso. É preciso algo mais. Enquanto for assim, estamos todos de acordo e todos percebem o que quero dizer."

Disse que estavam a afastar o sucesso da Região Norte

"Não quero acrescentar mais nada. Eu falo do FC Porto. Em relação ao FC Porto, disse o que disse, e mantenho. O Diogo [Costa] disse o que disse, e achei que as declarações foram assertivas. Agora, cabe-nos, aqui dentro, trabalhar. Há uma coisa que digo. Depois de uma derrota, perdemos dois pontos, que, para mim, é como uma derrota. Venho para aqui trabalhar muito sério e mais introspetivo e triste. Não venho a rir para o Olival. É importante que as pessoas percebam que é isso que é representar o FC Porto, é saber que ganhar é normal, ganhar e perder não tem de ser normal. Já falei das estatísticas da arbitragem. Não é, exclusivamente, culpa disso. Nós temos demérito. Não vamos, antes de uma possível chegada a uma final, olhar para estes temas todos e não para o trabalho fantástico do Álvaro Pacheco e da sua equipa."

Palavras após o jogo com o Famalicão. Chegou a colocar o lugar à disposição?

"Vocês não entendem o que eu disse? O que é que quis dizer do quê? Talvez o meu Portugal não seja o melhor. Eu leio muito e tento não cometer erros, mas não sei o que não entenderam. Foi tudo dito. Querem retirar a região Norte do mapa do futebol nacional e europeu. Foi algo assim que disse, não foi? É completamente explícito. Depois, disse que eu nunca seria um problema. O que o presidente decidir, por mim, tranquilo. A minha palavra foi 'tranquilo'. Essa tranquilidade, essa leveza de não estar aqui amarrado a nada. Estou aqui a trabalhar em prol de um clube de que muito gosto, sou bem pago para ganhar jogos e não estou a conseguir. É uma situação completamente normal."

Disse nessa conferência (no último jogo) que havia pessoas com estratégia própria

"Tenho a minha estratégia própria, que é fazer com que a equipa, amanhã, ganhe o jogo. É uma entrevista pessoal? Calma... Essas estratégias da parte de quem comanda tem a ver com o papel de cada um. Toda a gente tem estratégias, dentro da equipa, fora, na bancada. Estratégias de apoiar menos, apoiar mais, de não apoiar, de todo, de tirar um lenço branco e... acenar. Toda a gente pode fazer o que bem entender, é livre. Tenho liberdade total da parte do presidente para montar a equipa como acho que devo montar. É isto."

"Já tive oportunidade de falar disso. Há sete anos, quando vim para cá, mesmo com alguns jogadores emprestados, era tudo gente com algum traquejo, alguma experiência. Lembro-me de duas dezenas de jogadores que pertenceram a grandíssimas equipas, que tinham experiência, que tinham anos de casa... Ao longo destes anos, fomos perdendo, e temos uma equipa jovem. Cada vez mais, é nesse plano de incutir o que é jogar no FC Porto e lutar por títulos... Foi um ano difícil, sem dúvida nenhuma, pela juventude do plantel, não por não quererem. É mesmo pela própria juventude e por aquilo que é esta geração mais jovem."