A subida da Federação Portuguesa de Natação (FPN) do 16.º para o segundo lugar em número de praticantes federados em nove anos deve-se sobretudo à implementação de um programa de desenvolvimento estratégico consolidado, considerou hoje o presidente do organismo.

“Em 2013, quando esta direção assumiu os destinos da federação, a modalidade tinha cerca de 13.800 filiados, era a 16ª federação do país em termos do critério de Desenvolvimento da Prática Desportiva (DPD) do IPDJ. Atualmente, subimos para 114.000 praticantes em 2023 e estamos apenas atrás do futebol”, disse António Silva à agência Lusa, no Funchal, à margem dos Europeus de natação paralímpica.

De acordo com o relatório Desporto em Números, divulgado recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que se reporta a dados de 2022, no universo das modalidades desportivas a natação tem 11,2% de praticantes inscritos, apenas atrás do futebol (28,5%), que lidera, e imediatamente à frente do voleibol (6,2%).

António Silva elege o programa Portugal a Nadar, lançado em 2014, como a grande estratégia para o aumento do número de praticantes, lembrando que o mesmo “foi um pouco travado nos anos da pandemia de covid-19”, nos quais as piscinas estiveram encerradas durante longos períodos.

O presidente da FPN, que também lidera a European Aquatics (antiga Liga Europeia de Natação), explicou que o programa “engloba a natação pura desportiva, os masters, o polo aquático, a natação artística, a natação adaptada, as águas abertas e os saltos para a água”.

“No Portugal a Nadar são contabilizados todos os que fazem prática sistemática com tutoria, ao abrigo daquilo que é cédula de técnico profissional do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ)”, afirmou, acrescentando que “em termos globais, entre os filiados, 54% são mulheres e 46% homens, o que também é um índice muito positivo”.

“Todas essas vertentes fazem com que a natação atualmente seja a segunda potência em termos numéricos do país, em termos do número de atletas filiados”, disse, referindo que os dados de 2023 mostram uma continuidade no crescimento.

António Silva, que em termina o terceiro e último mandato na FPN após os Jogos Olímpicos Paris2024, defende que “outras federações deviam apostar em programas semelhantes para conseguirem crescer de forma consolidada” e acrescentou: "O segredo é criar programas que vão ao encontro das necessidades, dos nichos de práticas”.

“Não basta filiar, é preciso lançar programas que possam captar as pessoas, que tenham enquadramento técnico, que façam o controlo das licenças e que certifiquem o modelo pedagógico. É isso que nós fazemos”, referiu à Lusa.

António Silva acredita que em 2024 o número de praticantes pode chegar aos 150.000 e assume a vontade da FPN em implementar o programa À Prova de Água, que pretende dotar crianças entre os três e os 11 anos das competências necessárias para a sobrevivência em meio aquático.

Segundo o líder federativo, “a competência aquática associada à sobrevivência, o controlo situações de risco de afogamento e as normas de segurança são o propósito central deste programa”.

“Se queremos explorar economicamente, culturalmente, socialmente e desportivamente o mar e a água, as pessoas têm que ter competências para não se afogarem quando caem na água. Nós não temos isto", disse, garantindo: “Não inventamos nada, isto é trazer para Portugal as boas práticas de outros países, nomeadamente dos escandinavos, onde existem programas semelhantes".